21 Filmes Clássicos Para O Natal

Pedro Dantas
19 min readDec 22, 2020

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A correria do fim de um ano tão difícil como este não me deixou muito tempo para escrever grandes coisas, porém acho que um sopro de alegria e esperança (e um pouco de sassiness) através do cinema é mais do que bem-vindo. :-)

Ida Lupino já em ritmo de festa nos bastidores de Devotion (1946)

Aproveitando o clima de festas, resolvi fazer uma lista bem clichê, mas recheada de bons filmes natalinos. Aproveito meu amor pelo cinema clássico para compartilhar alguns dos meus favoritos, alguns não tão conhecidos e que merecem ser vistos! Shall we?

Nota: Refiro-me a clássico em especial período do cinema desde os filmes mudos até anos 1950– máximo 1960. Existem muitos outros novos clássicos que merecem menção, mas já são muito comentados por aí afora e pretendo falar desses em outro momento.

1. AS QUATRO IRMÃS + QUATRO DESTINOS + ADORÁVEIS MULHERES (Little Women — 1933, 1949, 1994)

Recomendo de cara as três versões para o cinema da mesma obra consagrada da escritora Louisa May Alcott publicada em 1868 (só não a última versão recente porque não a assisti). Seguindo a vida de uma família, os March, acompanhamos a trajetória de quatro adoráveis irmãs durante a Guerra Civil Americana: a mais velha e bela Meg, a aspirante a escritora Jo, a pequena adorável Beth, e a mais nova e vaidosa Amy. Nesse período difícil da guerra, com o pai servindo nas tropas, as quatro irmãs lideradas pela sua adorável mãe terão que passar por muitas provações; mas apesar de tudo, sempre prevalecendo a alegria e o amor no lar das meninas March. Cada irmã é de um jeito e tem sua personalidade própria, e é muito lindo de se ver a doce união delas que se fortalece ainda mais frente às dificuldades da vida. Não é propriamente um filme de Natal, mas acompanha um longo período da vida delas e o amadurecimento de cada irmã, com todos os seus dramas, alegrias e amores. Além de ser muito ‘’família’’ e emocionante. Cada versão tem um elenco de divas que arrasam demais dando vida às personagens de Little Women

A versão dos anos 30 foi dirigida pelo eterno realizador das mulheres George Cukor; a versão dos anos 40 por Mervyn LeRoy; por fim nos anos 90 por uma diretora mulher: Gillian Armstrong.

2. NOITE DE NATAL (A Christmas Carol, 1938, dir. Edwin L. Marin)

De uma história escrita por Charles Dickens e adaptada diversas vezes para o cinema e televisão, essa versão dos anos 30 é bastante cativante e adorável. Se não de nome, pela história vocês vão lembrar: um velho ranzinza e avarento trabalha em um escritório e odeia o Natal. Trabalha com ele o seu empregado, pobre mas feliz. À noite, o senhor rabugento recebe a visita do espírito de um antigo sócio que havia morrido há exatos sete anos. Quase igual ao velho, o espírito diz que jamais terá paz pois não foi bom e generoso em vida, mas ele alerta que o senhor ainda tem uma chance. Daí ele recebe a visita de três espíritos (Natal Passado, Natal Presente e Natal Futuro). Estes espíritos o fazem enxergar a vida com menos amargura e com mais do espírito do Natal. Não estou falando de presentes ou enfeites, mas sim de bondade, generosidade e amor ao próximo.

3. LEMBRA-SE DAQUELA NOITE (Remember The Night, 1940, dir. Mitchell Leisen)

Dirigido por Mitchell Leisen e roteirizado pelo futuro diretor Preston Sturges, essa é uma linda comédia romântica de Natal estrelada pelo famoso par do filme noir Pacto de Sangue: Barbara Stanwyck e Fred MacMurray. Misturando humor com drama, Remember The Night se passa na época de festas quando Lee (Stanwyck) é presa por ter roubado uma pulseira de uma joalheria em Nova York. John (MacMurray), o promotor, consegue que Lee só seja julgada depois das festas e que assim possa passar o Natal em família. Os dois seguem viagem juntos e assim passam a se conhecer melhor. Na casa da mãe de Lee as coisas não acabam bem, pois a mãe dela é uma mulher extremamente rancorosa que não se dá bem com a filha. Assim John resolve levar Lee para passar o Natal com a família dele. Lee se encanta com o ambiente caloroso cheio de bons sentimentos da família de John, e os dois acabam se apaixonando. Nem preciso dizer que a resolução final do destino de Lee no tribunal será, no mínimo, emocionante hehehe

4. A LOJA DA ESQUINA (The Shop Around The Corner, 1940, dir. Ernst Lubitsch)

Em The Shop Around The Corner (que rendeu diversas adaptações posteriores), temos um casal de protagonistas (excelente química entre James Stewart e Margaret Sullavan) que trabalham juntos numa loja de presentes em Budapeste. Eles se odeiam e não se dão bem de jeito nenhum, mas sem saber, os dois se correspondem por carta de forma anônima, sem saber a identidade um do outro. Enquanto vivem brigando na loja, mal sabem que trocam cartas de amor, e que um é a “pessoa ideal” do outro.

Uma das comédias mais deliciosas de sempre, cheia de humor e perspicácia, elementos típicos do diretor Ernst Lubitsch (Ninotchka, Trouble in Paradise, etc) e de seu inigualável ‘’toque’’, fizeram desse filme uma pequena obra-prima que até hoje é copiada nas comédias românticas de “love-hate” entre os protagonistas que se amam secretamente sem o saber.

A história rendeu outras duas adaptações muito bacanas: em 1949 fizeram um remake musical da história, A Noiva Desconhecida (In The Good Old Summertime) com Judy Garland e Van Johnson nos papéis principais e com direito a uma trilha sonora maravilhosa! E plus uma participação especial de Liza Minnelli, ainda bebê, fazendo cameo com a mãe Judy. O filme foi dirigido por Robert Z. Leonard e ainda conta com um cameo aleatório de Buster Keaton. Dentre os vários números musicais, recomendo especialmente a solo de Judy com vestido vermelho cantando “I Don’t Care”.

E em 1998 a história foi atualizada e agora o casal sensação da época Tom Hanks e Meg Ryan estrelaram — Mensagem pra Você (You’ve Got Mail). Agora ao invés de cartas, enquanto os protagonistas não podiam se ver em pessoa, eles se trocavam emails! Mas sem saber a identidade real um do outro (não por muito tempo). Hoje presumo que usariam um app de paquera, certo? Risos.

5. ADORÁVEL VAGABUNDO (Meet John Doe, 1941, dir. Frank Capra)

Pois nada melhor do que um filme de Frank Capra para renovar nossas energias e esperanças no mundo e na humanidade. Antes de citar o exemplar mais famoso do diretor e das festas de Natal, recomendo esse que não é menos maravilhoso (e até atual).

Uma jornalista vivida por Barbara Stanwyck (olha ela de novo) tem uma ideia sensacionalista mirabolante: escreve e publica uma falsa carta e assina com um nome comum (John Doe — ‘’Zé Ninguém’’) dizendo que se matará na véspera de Natal em protesto à corrupção e à pobreza. Mas tudo é uma jogada de marketing de políticos corruptos, e assim a gangue resolve pegar um mendigo (vivido pelo humilde e sempre digno Gary Cooper) para viver esse John Doe que vira um herói nacional. Porém a farsa fica cada vez mais insustentável, e ao perceber que foi usado pelos grandes poderosos corruptos, o herói realmente desiludido por fim decide se matar como foi escrito na carta. A jornalista porém se afeiçoou ao vagabundo e resolve ajudá-lo, pois como ela mesma diz, um outro John Doe já havia se sacrificado pela humanidade — Jesus Cristo.

Apesar de um tom deveras sombrio, a mensagem do filme ainda é de esperança: há luz no fim do túnel.

6. SATÃ JANTA CONOSCO (The Man Who Came to Dinner, 1942, dir. William Keighley)

Um dos poucos exemplares de comédia na extensa filmografia de Bette Davis (radiante aqui), o filme é cheio de humor sarcástico. Um escritor famoso e muito rabugento (Monty Woolley, ótimo) acaba quebrando a perna e tendo que passar um tempo em Ohio até se recuperar, na época das festas. Sua espirituosa secretária (Davis em ótimo desempenho cômico) e todos ao redor têm de aturar as excentricidades do velho escritor. Ele tem uma língua afiada que não perdoa ninguém e decide mandar na casa como se fosse um rei. As coisas vão fugindo do controle e a casa quase vai a baixo, com seu ápice numa cena que envolve até um sarcófago no meio da sala-de-estar. Como se não bastasse, o escritor genioso também se mete na vida amorosa de todos. Quando Bette se apaixona por um rapaz jornalista, o velho implicante vai fazer questão de separá-los. Com um elenco de atores cômicos afinado como Jimmy Durante, Mary Wickes e Billie Burke, de brinde temos a bela Ann Sheridan roubando a cena.

7. AGORA SEREMOS FELIZES (Meet Me in St. Louis, 1944, dir. Vincente Minnelli)

Com a versão inesquecível de Judy Garland de Have Yourself A Merry Little Christmas, eu recomendo esse musical lindo e colorido que é um dos mais mágicos realizados pela Metro durante sua era de ouro nos anos 40. Judy está mais linda do que nunca — provavelmente de amor ao ser dirigida por aquele que se tornaria seu marido: o diretor do filme, Vincente Minnelli.

O musical segue a vida de uma família na época da Feira Universal de St. Louis de 1904. Os problemas dos Smith começam quando o pai resolve que todos vão se mudar para Nova York, mas ninguém quer deixar a linda cidade natal que eles tanto amam. Além da vida em família, vemos as irmãs Smith aprendendo as lições da vida e descobrindo o amor. Para embalar esse filme tão colorido e emocionante, a trilha sonora é uma delícia como não poderia deixar de ser com Judy Garland no comando. THE TROLLEY SONG É A VIDA!!!

8. OS SINOS DE SANTA MARIA (The Bells of St. Mary’s, 1945, dir. Leo McCarey)

Lançado em dezembro de 1945, o filme é cheio de espírito de amor e bondade típicos do Natal. Aqui temos um divertido embate entre um padre recém-chegado (Bing Crosby, repetindo o papel do filme O Bom Pastor [Going My Way] que lhe rendeu um Oscar) e a freira líder da escola paroquial Santa Maria (maravilhosa Ingrid Bergman). De personalidades tão diferentes, os dois travam uma divertida rivalidade dentro da escola, tentando no meio dessa irresistível batalha de inteligência educar as crianças do local da melhor forma possível, sempre com valores e com um coração muito grande. Mas os dois vão precisar arranjar uma solução para o Santa Maria que corre risco de ser demolido a mando de um rico empresário vivido por Henry Travers (ele mesmo, o Anjo Clarence de A Felicidade Não Se Compra!).

Dirigido por Leo McCarey (The Awful Truth, Make Way for Tomorrow etc) e ainda melhor do que O Bom Pastor (que eu também recomendo), esse é um clássico imperdível.

9. INDISCRIÇÃO (Christmas in Connecticut, 1945, dir. Peter Godfrey)

Barbara Stanwyck prova mais uma vez seu grande talento nessa charmosa screwball perfeita para se divertir com leveza no Natal. Ela faz o papel de uma colunista que finge ser a dona de casa perfeita nos seus escritos, a ilusão ideal para as pessoas durante a guerra.

Mas a farsa acaba em confusão: a escritora é convidada a provar todos os seus dons quando é chamada para o Natal em uma linda casa de campo com o seu chefe e um herói de guerra. Para manter a mentira as situações viram as mais malucas possíveis, com muita comédia e romance.

10. A FELICIDADE NÃO SE COMPRA (It’s a Wonderful Life, 1946, dir. Frank Capra)

Claro, esse filme não pode faltar em nenhuma lista de Natal que se preze. Mais do que um filme que reprisa todo o Natal na TV, estamos falando de uma verdadeira obra-prima do cinema adorada por gerações de todas as idades, mesmo após 70 anos de sua estreia nos cinemas. Atemporal, essa fábula deve ser vista por todos!

George Balley (James Stewart, o maior bom moço do cinema americano, como não amar?) por toda a vida sempre se preocupou em ajudar os outros acima de tudo. Bondoso e querido por todos da cidade de Bedford Falls, muitas vezes ele abriu mão de seus sonhos para ajudar seus entes queridos. Mas sua vida não é fácil, pois as dificuldades crescem, principalmente por causa do Mr. Potter (Lionel Barrymore), o homem mais poderoso da cidade que só pensa em dinheiro e poder. Com o passar do tempo as coisas vão piorando para George, e aquele jovem sonhador do começo dá lugar a um homem perdido e sem esperanças, frente ao lado mais obscuro da vida. George se vê num mar de dívidas e problemas, se afasta cada vez mais de seus filhos e de sua esposa (a linda Donna Reed) e na véspera de Natal resolve dar um fim na sua vida. Eis que surge o anjo Clarence (Henry Travers) que fará George rever toda a sua trajetória (em Portugal o filme até se chama “Do Céu Caiu uma Estrela”). O anjo mostra a George Balley como a cidade seria sem ele: como, afinal , uma pessoa faz sim toda a diferença no mundo, que nada é em vão e que a vida vale a pena ser vivida, ao lado das pessoas que amamos. As dificuldades sempre haveremos de atravessá-las, pois elas não são nada frente à beleza da vida.

11. UM ANJO CAIU DO CÉU (The Bishop’s Wife, 1946, dir. Henry Koster)

Esse é de longe um dos meus filmes mais amados da vida inteira, e tão subestimado! Precisa ser mais conhecido.

Primeiramente um dos grandes motivos para se ver esse filme é o fato do Cary Grant interpretar um anjo! David Niven faz o bispo do título que precisa de fundos para a construção de uma nova catedral. Então eis que ele consegue com a chegada do misterioso forasteiro: Cary Grant vindo direto do Céu!

Além disso, o anjo vai tentar reaproximar o bispo de sua mulher, vivida por Loretta Young. Mas nesse caminho ela acaba se apegando demais ao anjo. Não podemos julgar Loretta Young, afinal quem não iria querer esse anjinho de presente de Natal? (Hahahaha). Mas o anjo só vai ficar na Terra até cumprir a sua missão e ajudar essas pessoas a se encontrarem e se reaproximarem, e para dali por diante seguirem suas vidas com amor e paz.

12. MILAGRE NA RUA 34 / DE ILUSÃO TAMBÉM SE VIVE (Miracle in the 34th Street, 1947, dir. George Seaton)

Uma fábula encantadora que já virou símbolo da comemoração do Natal, esse filme é uma ótima pedida para se ver não só na época das festas mas a qualquer hora, daqueles bem feel good que reafirmam o cinema como a fábrica de sonhos.

Na época de Natal, um misterioso e adorável senhor (Edmund Gwenn) é contratado para ser o Papai Noel de uma loja da rua 34 em NYC. O que realmente chama a atenção é que o velhinho diz ser o Papai Noel de verdade! Apesar da menina vivida por Natalie Wood ficar fascinada com o senhor, quem não gosta nada disso é a chefe dele e mãe da menina, vivida por Maureen O’Hara, uma mulher bastante realista que não acredita em Papai Noel (aqui ela repete a dobradinha com John Payne, eles eram lindos juntos). O bom velhinho encanta todos ao seu redor com seu espírito natalino, mas a história acaba indo parar nos tribunais!

Há um remake de 1994 também muito conhecido, produzido por John Hughes e com a eterna Matilda (Mara Wilson).

13. VER-TE-EI OUTRA VEZ (I’ll Be Seeing You, 1944, dir. William Dieterle)

Para os que adoram um romance à moda antiga, esse é uma boa pedida. O Natal consegue aproximar dois grandes solitários que sofreram poucas e boas na vida: Ginger Rogers sai da prisão (foi condenada por assassinato acidental) para passar o feriado do Natal em família. Joseph Cotten faz um soldado recém-saído do hospital que ainda tenta lidar com os traumas que sofreu na guerra. Os dois se conhecem e se apaixonam, mas terão de lidar com seus dramas pessoais, além de Mary ter que logo voltar para a prisão depois das festas. Ainda temos Shirley Temple como uma adorável coadjuvante que é a cereja do bolo.

14. ACONTECEU NA QUINTA AVENIDA (It Happened on Fifth Avenue, 1947, dir. Roy Del Ruth)

Uma película adorável de Natal que precisa ser redescoberta. E com um elenco de estrelas não tão conhecidas mas que dão todas conta do recado muito bem, obrigado! (Gale Storm, Victor Moore, Charles Ruggles, Ann Harding, Don DeFore…).

Um morador de rua de Nova Iorque invade uma mansão na Quinta Avenida enquanto o proprietário está passando as férias na Flórida. Nesse meio tempo, o sem-teto convida seus amigos para também viverem na casa, formando uma grande família feliz. Antes que percebam, eles estão morando com os donos reais da mansão!! Daqueles filmes que fazem bem :)

15. FÉRIAS DE NATAL (Christmas Holiday, 1944, dir. Robert Siodmak)

Para os mais góticos e trevosos, não podia faltar um filme Noir. Com esse título, a gente até pensa que é uma comédia musical, ainda mais com Deanna Durbin e Gene Kelly, mas no fim é um mix de drama com suspense e dos bons! Com excelente direção de Robert Siodmak, tudo começa quando o tenente Charles Mason (Dean Harrens) decide ir para São Francisco durante a licença de Natal para casar, mas sua noiva lhe envia um telegrama dizendo que já casou com outro. Mas o rapaz não desiste e vai para São Francisco, e na viagem conhece a cantora de discoteca Jackie (Deanna). Quando os dois passam a se conhecer melhor, Jackie conta que na verdade se chama Abigail, e que foi casada com Robert (Gene Kelly), condenado por assassinato de um agente de apostas. Apesar de tudo, ela ainda ama Robert e se sente atormentada, e a mãe do homem a despreza e a culpa pela condenação do filho. A história de Robert e Abigail ainda não chegou no fim!

16. DUAS VIDAS SE ENCONTRAM (Holiday Affair, 1949, dir. Don Hartman)

Uma graça de filme subestimado a ser redescoberto! Janet Leigh e Robert Mitchum estrelam o romance de Natal. Um pouco antes das festas, Steve, um balconista de loja (Mitchum) acaba demitido por causa de Connie (Janet), mas mesmo assim ele se apaixona pela moça — só que ela está noiva de outro homem. Com a ajuda do filho da moça, que simpatizou com ele, Steve vai fazer de tudo para conquistá-la. Daqueles clichês que acabamos amando ❤

17. NATAL BRANCO (White Christmas, 1954, dir. Michael Curtiz)

Grande clássico filmado num technicolor exuberante e recheado de músicas deliciosas compostas por Irving Berlin, esse é um exemplar natalino indispensável — e foi dirigido por Michael Curtiz, mesmo diretor de Casablanca e outros clássicos. Dois talentosos dançarinos-compositores (Bing Crosby e Danny Kaye) se juntam após a guerra para formar uma das atrações mais quentes do showbussiness. Durante o inverno, eles resolvem dividir seus talentos com outra dupla igualmente talentosa, duas irmãs (Rosemary Clooney e Vera-Ellen) e partem para uma hospedaria em Vermont em busca de um Natal realmente branco. Entre diversas peripécias vividas entre as duplas, o resultado de tudo é aquele que os sonhos são capazes de realizar.

Plus não deixem de conferir a versão mais antiga e não menos mágica: Holiday Inn, também com Bing Crosby e o grande Fred Astaire!

18. NATAL EM JULHO (Christmas in July, 1940, dir. Preston Sturges)

Belo exemplar de Natal fora de época, e que consolidou Preston Sturges como diretor e roteirista de sucesso com suas histórias criativas, malucas e espirituosas, aqui temos um rapaz comum vivido por Dick Powell que sonha em ganhar uma bolada de um concurso para poder casar com sua namorada (Ellen Drew). Seus colegas resolvem pregar uma peça no rapaz mandando um telegrama dizendo que ele venceu o concurso de frases no qual ele estava participando. Todo mundo vai à loucura, o rapaz e sua família compram centenas de coisas. Ele sai distribuindo presentes para todos, mas a verdade acaba vindo à tona. Acima do dinheiro e dos presentes, ficam os valores, o amor entre a família e os amigos, e a esperança de dias melhores (afinal, o real resultado do concurso ainda não saiu). Só digo que o final é feliz ! :)

19. FALAM OS SINOS (Come to the Stable, 1949, dir. Henry Koster)

Clássico esquecido da Fox dos anos 40, mas muito singelo. Duas freiras partem da França e chegam a uma pequena cidade dos Estados Unidos. Lá, elas iniciam um projeto de angariar fundos para a construção de um hospital infantil, em memória às crianças falecidas na Segunda Guerra Mundial. As bondosas freiras fazem várias amizades, inclusive uma artista dona de um estábulo na região transformado em estúdio. A partir dali, as irmãs Margaret (Loretta Young again) e Scholastica (Celeste Holm, famosa pelo seu papel coadjuvante em A Malvada). Filme leve e divertido para entreter até os menos religiosos.

20. BOÊMIO ENCANTADOR (Holiday, 1938, dir. George Cukor)

Katharine Hepburn e Cary Grant fizeram quatro inesquecíveis filmes juntos: Sylvia Scarlett, Levada da Breca, Núpcias de um Escândalo (todos recomendados, falarei deles em outro post) e este filme inspirador sobre um self-made man aventureiro de espírito livre (Grant) que desafia as convenções ao decidir não mais trabalhar e usar todo seu dinheiro e experiência para tirar férias prolongadas, a fim de viajar e viver a vida. Sua noiva Julia (Doris Nolan) e o futuro sogro do rapaz (Henry Kolker) não gostam nada da ideia excêntrica, ao contrário da irmã de Julia, Linda (Hepburn), uma idealista considerada a ovelha negra da família que não só aprova a ideia, mas como acaba se apaixonando pelo rapaz.

Apesar de não ser um filme natalino propriamente dito, eu adoro a mensagem do filme: a vida tem que ser vivida com leveza, imaginação e de acordo com o que acreditamos, e não pelo que as convenções e a sociedade nos ditam ser o correto.

21. AMOR ELETRÔNICO (Desk Set, 1957, dir. Walter Lang)

Para encerrar, não podemos deixar de fora uma das melhores parcerias do cinema clássico: Spencer Tracy e Katharine Hepburn, aqui em Technicolor e ainda por cima CinemaScope! Dos 10 filmes do casal (dentro e fora das telas), esse é um dos menos lembrados, porém não menos interessante.

Como de costume, as fortes personalidades dos dois colidem, agora dentro de uma emissora de TV quando o assunto se trata de um novo super computador defendido por Tracy, supostamente capaz de substituir todo o pessoal da empresa e operar absolutamente tudo sozinho. Ideia pertinente sobre tecnologia já nos anos 50 e que não deixa de ser pertinente para a era atual. Destaque também para o afinado elenco de coadjuvantes ladrões de cena: Joan Blondell (com Kate abaixo na cena de Natal) e Gig Young (figura carimbada das comédias da época).

And that’s all folks! Espero que tenham gostado, essa é só uma amostra de filmes de espírito natalino que eu queria compartilhar com meus leitores. Existem outros mas fica para um próximo texto.

Beijo grande, feliz natal e um ano novo cheio de alegrias, bons filmes e realizações ao som de Auld Lang Syne! LOVE U ❤

Pedro Dantas (repost do meu blog de 2016–2020)

Bette Davis e Miriam Hopkins brindando o ano novo em Uma Velha Amizade (Old Acquaintance, 1943, dir. Vincent Sherman)

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Written by Pedro Dantas

Writer, English/Russian teacher, Art enthusiast, Film lover. Escritor, professor, entusiasta. Brasil - Portugal

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